Lembranças e papos-cabeça nas nuvens
Liminha falou comigo por mais de uma hora e meia naquele primeiro sábado de junho de 2016. A pauta era sobre o show em homenagem ao rock brasileiro, que tinha direção artística dele e aconteceria no dia seguinte no Parque da Cidade, em Brasília. Só que a conversa foi tão boa, que abordamos mil coisas, entre elas o trabalho dele com os Titãs. Esse papo seria o início de uma reportagem que considero o meu "gol mais bonito", o especial de 30 anos do disco "Cabeça Dinossauro" para o G1.
Uma coisa pra lá de legal da entrevista foi que o próprio Liminha pareceu se divertir muito, mesmo tendo me atendido logo após acordar. Ele até disse que poderíamos falar mais, que o papo estava interessante, que "eu é que mandava". "Não quer saber mais? Pode perguntar. Tô me lembrando de muita coisa aqui", me disse.
Maior produtor do pop-rock dos anos 1980 no Brasil, o ex-baixista dos Mutantes dispensa apresentações. No começo dos anos 1990, Humberto Gessinger, dos Engenheiros do Hawaii, chegou a dizer para a revista Bizz que Liminha era o artista de destaque no Brasil. "A melhor banda do Brasil é o Liminha. É só ligar o rádio pra ver." E o cara era isso tudo mesmo, e ainda trabalha como poucos.
Uma das novas investidas é o programa "Nas Nuvens", do canal Arte 1. O nome é o mesmo do estúdio que ele montou nos anos 1980 com Gilberto Gil no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Durante uma hora, o produtor conversa com músicos com quem trabalhou, relembrando histórias muitas vezes desconhecidas do grande público.
Na noite desta sexta (12), o guitarrista Tony Bellotto, dos Titãs, estava lá. Os caras falaram de demos, técnicas de gravação, ensaios, abordagens, pré-produção, transformações ao longo dos trabalhos, curiosidades e um sem-número de coisas interessantes.
E é aí que eu entro. Não é novidade pra ninguém que a música e o jornalismo entraram na minha vida de forma definitiva muito por causa dos Titãs, pela curiosidade que tinha sobre o trabalho deles, e como eu me lapidei para aprender a pesquisar e conhecer mais, a partir da simples vontade de saber de quem eu curtia.
Talvez tenha sido isso o que fez com que o meu papo com Liminha fosse interessante até pra ele. Cheguei para a entrevista com toda a munição de dados e informações, provoquei a mente dele, apertei o interruptor da memória afetiva, o fiz queimar pestana um pouco.
Uma das informações que quis confirmar com ele foi sobre Sérgio Britto ter gravado a voz de "Polícia" em um take só, puto, enquanto via Liminha conversar com o eterno líder da Blitz, Evandro Mesquita, na técnica do Nas Nuvens. "Parecia que ele não estava se importando muito, por isso que cantei com mais raiva", disse Britto a mim em 2016.
E esse caso foi lembrado nesta sexta pelo Bellotto, mencionando alguma entrevista para matérias especiais dos 30 anos de "Cabeça Dinossauro". Será que foi da minha que ele se lembrou? Acho que há chances, pois não vi muito do assunto tratado nas reportagens sobre as três décadas do disco. Mesmo que tenha sido de outro veículo, achei muito bom ele ter a recordação.
Outra coisa que o Liminha falou, em outra edição do programa, foi sobre uma conversa que teve com Herbert Vianna pouco antes de começarem a trabalhar o álbum "Os Grãos", que os Paralamas lançaram em 1991.
Bi Ribeiro e João Barone estavam no estúdio para o programa. Em um momento, Liminha fala que o Herbert estava inseguro com o fato de ter de fazer "algo melhor" que o trabalho mais recente dos Titãs até então, o álbum "Õ Blésq Blom", de 1989.
"Interessante você falar sobre a qualidade de produção do 'Õ Blésq Blom' porque quando a gente ia começar a trabalhar o disco 'Os Grãos", dos Paralamas, a gente sentou pra conversar e o Herbert falou pra mim: 'o que a gente vai fazer depois do 'Õ Blésq Blom', Liminha?', tal a qualidade daquele disco. Eu ri, né?", me falou o ex-mutante.
Na noite desta sexta eu me lembrei disso e de muito mais da conversa. E me lembrei disso e de muito mais da história dos Titãs, do rock dos anos 1980 e da minha própria história. Os olhos ainda chegam a brilhar. Coisas assim fazem a gente se sentir mais vivo. Nem as duas horas para limpar a sujeira no chão da sala e no rack da TV, depois que a minha gatinha siamesa, Lolita, quebrou uma garrafa de vinho, puderam diminuir a magnitude desta noite especial.
Uma coisa pra lá de legal da entrevista foi que o próprio Liminha pareceu se divertir muito, mesmo tendo me atendido logo após acordar. Ele até disse que poderíamos falar mais, que o papo estava interessante, que "eu é que mandava". "Não quer saber mais? Pode perguntar. Tô me lembrando de muita coisa aqui", me disse.
Maior produtor do pop-rock dos anos 1980 no Brasil, o ex-baixista dos Mutantes dispensa apresentações. No começo dos anos 1990, Humberto Gessinger, dos Engenheiros do Hawaii, chegou a dizer para a revista Bizz que Liminha era o artista de destaque no Brasil. "A melhor banda do Brasil é o Liminha. É só ligar o rádio pra ver." E o cara era isso tudo mesmo, e ainda trabalha como poucos.
Uma das novas investidas é o programa "Nas Nuvens", do canal Arte 1. O nome é o mesmo do estúdio que ele montou nos anos 1980 com Gilberto Gil no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Durante uma hora, o produtor conversa com músicos com quem trabalhou, relembrando histórias muitas vezes desconhecidas do grande público.
Na noite desta sexta (12), o guitarrista Tony Bellotto, dos Titãs, estava lá. Os caras falaram de demos, técnicas de gravação, ensaios, abordagens, pré-produção, transformações ao longo dos trabalhos, curiosidades e um sem-número de coisas interessantes.
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Capa do álbum "Õ Blésq Blom", dos Titãs (Reprodução) |
Talvez tenha sido isso o que fez com que o meu papo com Liminha fosse interessante até pra ele. Cheguei para a entrevista com toda a munição de dados e informações, provoquei a mente dele, apertei o interruptor da memória afetiva, o fiz queimar pestana um pouco.
Uma das informações que quis confirmar com ele foi sobre Sérgio Britto ter gravado a voz de "Polícia" em um take só, puto, enquanto via Liminha conversar com o eterno líder da Blitz, Evandro Mesquita, na técnica do Nas Nuvens. "Parecia que ele não estava se importando muito, por isso que cantei com mais raiva", disse Britto a mim em 2016.
E esse caso foi lembrado nesta sexta pelo Bellotto, mencionando alguma entrevista para matérias especiais dos 30 anos de "Cabeça Dinossauro". Será que foi da minha que ele se lembrou? Acho que há chances, pois não vi muito do assunto tratado nas reportagens sobre as três décadas do disco. Mesmo que tenha sido de outro veículo, achei muito bom ele ter a recordação.
Outra coisa que o Liminha falou, em outra edição do programa, foi sobre uma conversa que teve com Herbert Vianna pouco antes de começarem a trabalhar o álbum "Os Grãos", que os Paralamas lançaram em 1991.
Bi Ribeiro e João Barone estavam no estúdio para o programa. Em um momento, Liminha fala que o Herbert estava inseguro com o fato de ter de fazer "algo melhor" que o trabalho mais recente dos Titãs até então, o álbum "Õ Blésq Blom", de 1989.
"Interessante você falar sobre a qualidade de produção do 'Õ Blésq Blom' porque quando a gente ia começar a trabalhar o disco 'Os Grãos", dos Paralamas, a gente sentou pra conversar e o Herbert falou pra mim: 'o que a gente vai fazer depois do 'Õ Blésq Blom', Liminha?', tal a qualidade daquele disco. Eu ri, né?", me falou o ex-mutante.
Na noite desta sexta eu me lembrei disso e de muito mais da conversa. E me lembrei disso e de muito mais da história dos Titãs, do rock dos anos 1980 e da minha própria história. Os olhos ainda chegam a brilhar. Coisas assim fazem a gente se sentir mais vivo. Nem as duas horas para limpar a sujeira no chão da sala e no rack da TV, depois que a minha gatinha siamesa, Lolita, quebrou uma garrafa de vinho, puderam diminuir a magnitude desta noite especial.
👏🏻👏🏻👏🏻 Lembrei da minha coleção de Revistas Bizz...😉
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