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Mostrando postagens de janeiro, 2018

Aqui estamos agora; nos entretenha

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Mutantes durante show em Brasília Estranho que em tempos de uma indústria do entretenimento pra lá de aquecida e de maior acesso a produtos ligados diretamente à diversão tenhamos uma sociedade mais sisuda, mais deprimida, mais raivosa e menos sabedora do que é o lazer. Parece que a gente desaprendeu a identificar o que realmente nos faz bem ou a oferta ilimitada de "coisas legais" nos faz ficar perdidos na hora de escolher como sair da rotina. O volume de coisas a fazer, no trabalho, na rua ou em casa, a velocidade da informação, cores e luzes em aparelhos eletrônicos, obrigações da modernidade (ou da pós-verdade?), necessidades criadas e mais um sem-número de atividades e recursos parece que neutralizaram toda a diversão inventada e aperfeiçoada, especialmente desde o fim da década de 1990. As novas gerações já nascem e se desenvolvem dentro de uma lógica alucinadamente rápida, que exige de todos um desapego quase que instintivo em relação ao sossego. Parece que est...

Lembranças e papos-cabeça nas nuvens

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Liminha falou comigo por mais de uma hora e meia naquele primeiro sábado de junho de 2016. A pauta era sobre o show em homenagem ao rock brasileiro , que tinha direção artística dele e aconteceria no dia seguinte no Parque da Cidade, em Brasília. Só que a conversa foi tão boa, que abordamos mil coisas, entre elas o trabalho dele com os Titãs. Esse papo seria o início de uma reportagem que considero o meu "gol mais bonito", o especial de 30 anos do disco "Cabeça Dinossauro" para o G1 . Uma coisa pra lá de legal da entrevista foi que o próprio Liminha pareceu se divertir muito, mesmo tendo me atendido logo após acordar. Ele até disse que poderíamos falar mais, que o papo estava interessante, que "eu é que mandava". "Não quer saber mais? Pode perguntar. Tô me lembrando de muita coisa aqui", me disse. Maior produtor do pop-rock dos anos 1980 no Brasil, o ex-baixista dos Mutantes dispensa apresentações. No começo dos anos 1990, Humberto Gessinge...

Luau noctilucas: Skank no céu em arranjos inusitados

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Difícil saber o que seria da música brasileira se Tom Capone não tivesse partido sua moto naquele cruzamento de Los Angeles em setembro de 2004, logo após a festa do Grammy Latino - ele concorreu em cinco categorias do prêmio. O cara era um gênio, segundo quem trabalhou com ele. Entre as preciosidades que passaram pelas mãos do produtor está o que é, para mim, o maior disco de pop-rock produzido no Brasil desde a virada do milênio: o fabuloso "Cosmotron", lançado pelo Skank em 2003. Em uma conversa que tive com o tecladista da banda, Henrique Portugal, quando eu trabalhava no G1, ele me confidenciou que foi um dos últimos a ter contato com o produtor. "Depois do Grammy teve uma festa na casa do Robi Rosa (ex-Menudo). Tom estava feliz porque o Robi tinha dito que queria que ele produzisse um disco dele, a Julieta Venegas também o procurou", disse Portugal. "Eu saí com o Zé Fortes, empresário dos Paralamas, em uma moto, e o Tom em outra. A casa do Robi é no alt...

Criaturas da noite

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Acho que se eu ficar balançando a cabeça vou encontrar mais e mais "motivos" para minha alta atividade noturna. Hoje pensei que não são poucos os bichos que se relacionam ou relacionaram comigo e que também são da noite. Luna e Lolita, que dividem comigo o Palácio Verde das Águas Claras, são os exemplos mais recentes. Duas gatas lindas que me acompanham neste cubículo de maravilhosas vivências e que adoram a lua. Não é raro que elas se peguem brincando, correndo, se debatendo, mordendo uma à outra ou derrubando coisas por esses parcos metros quadrados, muitas vezes às 4h, 5h. A paixão por felinos é uma coisa recente na minha vida - de uns quatro, cinco anos para cá -, quando o universo conspirou para que animais desta espécie pudessem me mostrar que vinham em missão de paz e que poderiam me provocar sorrisos. Mas Gringo, Cora, Tisa, Fubá, Luna e Lolita têm companhias históricas entre os parceiros da noite. John Lennon foi um hamster adquirido numa loja do Centervale Shopp...

Notívago a contragosto

Juro que prefiro o dia, a luz do sol, o céu azul. Mas existe alguma coisa na noite, que mesmo quando eu me preparo para fechar os olhos quando ela está atuante, algo dá errado e eu permaneço aceso ao menos até 2h, 3h, 4h... Amo o dia, mas a vida me inclina para a noite. Começou quando virei operador de rádio nas madrugadas da rádio Stereo Vale FM, aos 14 anos; em seguida veio a música e os shows após o pôr do sol; o passo seguinte, ainda na adolescência, foram os jogos de futebol no horário ingrato das 22h. E por aí foi. Chegou um momento em que acho que até o próprio organismo cobrou uma postura noturna. Mesmo nas minhas atividades matutinas, a noite anterior sempre foi mais longa do que a da maioria das pessoas. Nos últimos 20 anos, talvez, eu raramente fui dormir antes da meia-noite - raramente, quando digo, é coisa de contar nos dedos da mão mesmo.. E isso vem de família, ao contrário do que a origem rural poderia fazer supor. Meu pai trabalhou por toda a vida no tal do terce...

Luau noctilucas: Paul nas madrugas Stereo Vale

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Para quem não sabe, minha vida profissional começou cedo. Aos 13 anos e 11 meses eu já atendia aos telefonemas dos ouvintes na rádio Stereo Vale FM, de São José dos Campos, seguramente uma das maiores escolas que um adolescente poderia ter. Tive a sorte de trabalhar com muita gente boa, pessoas que me ensinaram sobre música, sobre rádio, sobre uma profissão. Mas isso tudo é pouco perto do que esses caras me mostraram sobre respeito humano, relações humanas, humanidades. Sou eternamente grato, eternamente. E eu tentava aproveitar e retribuir tudo isso. Especialmente na minha primeira passagem pela emissora, entre 1989 e 1991, quando virei "operador de rádio" nas madrugadas Stereo Vale, aos 14 anos!!!, absorvi muita coisa boa, até nos momentos não tão bons assim. Como a programação das madrugas era bem diferente da que rolava até as 2h, eu conheci muita coisa que os diurnos talvez tivessem menos canais para ter ideia do que era. Vale lembrar que nesta época não se tocava ...

Pensamento à toa sob a luz da lua

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Pode parecer estranho que uma pessoa que adora escrever tenha dificuldade em fazer um blog, mas o fato é que a formalização de ideias em uma plataforma não é tão simples para alguns, como eu. Para pôr em prática este aqui foi preciso um alinhamento de coisas que uma mente inquieta às vezes é incapaz de conceber. Pra começar, a dificuldade é escolher sobre o que escrever. Quem me conhece sabe que tenho no coração, na mente e na alma duas coisas que me estimulam além da conta. Mas mesmo quando falo de futebol, sobretudo o Palmeiras e a Juventus de Turim, e de música, especialmente as minhas bandas e cantores prediletos (cito Beatles, Led Zeppelin, Pink Floyd, Titãs, Mutantes, Rolling Stones, Black Crowes, Secos & Molhados, Raul Seixas e The Who, só pro pessoal se guiar um pouco pelo meu universo de sons), ainda assim fico sem saber o que falar. Neste caso, a vastidão do multiverso é que me faz indeciso na hora de escolher o alvo. Essa dificuldade só foi vencida depois de uma conv...