Notívago a contragosto

Juro que prefiro o dia, a luz do sol, o céu azul. Mas existe alguma coisa na noite, que mesmo quando eu me preparo para fechar os olhos quando ela está atuante, algo dá errado e eu permaneço aceso ao menos até 2h, 3h, 4h...

Amo o dia, mas a vida me inclina para a noite. Começou quando virei operador de rádio nas madrugadas da rádio Stereo Vale FM, aos 14 anos; em seguida veio a música e os shows após o pôr do sol; o passo seguinte, ainda na adolescência, foram os jogos de futebol no horário ingrato das 22h. E por aí foi. Chegou um momento em que acho que até o próprio organismo cobrou uma postura noturna.

Mesmo nas minhas atividades matutinas, a noite anterior sempre foi mais longa do que a da maioria das pessoas. Nos últimos 20 anos, talvez, eu raramente fui dormir antes da meia-noite - raramente, quando digo, é coisa de contar nos dedos da mão mesmo..

E isso vem de família, ao contrário do que a origem rural poderia fazer supor. Meu pai trabalhou por toda a vida no tal do terceiro turno, das 22h às 6h.

E eu, sem tão má intenção assim, acabei passando esse hábito para meu filho. Corria o ano de 2006, Itália campeã na Alemanha, primeiro ano sem minha mãe - que por sinal morreu em uma madrugada, na véspera do meu aniversário de 30 anos -, e meu Gabriel ainda se acostumando a dormir comigo.

Ocorre que o maior desenho animado de todos os tempos, na minha opinião, passava a partir da 1h. E por meia hora, nossos olhos colavam na tela da TV para assistir à Pantera Cor-de-Rosa. Pronto! Gabriel nunca mais foi de dormir em horário de gente.

Enfim, é isso. A noite me persegue. Não queria ser notívago, mas é algo mais forte do que eu. Continuo firme na luta para me tornar um ser mais diurno. Sinceramente, me vejo nadando contra a corrente.

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