Aqui estamos agora; nos entretenha

Mutantes durante show em Brasília, em 2016
Mutantes durante show em Brasília
Estranho que em tempos de uma indústria do entretenimento pra lá de aquecida e de maior acesso a produtos ligados diretamente à diversão tenhamos uma sociedade mais sisuda, mais deprimida, mais raivosa e menos sabedora do que é o lazer. Parece que a gente desaprendeu a identificar o que realmente nos faz bem ou a oferta ilimitada de "coisas legais" nos faz ficar perdidos na hora de escolher como sair da rotina.

O volume de coisas a fazer, no trabalho, na rua ou em casa, a velocidade da informação, cores e luzes em aparelhos eletrônicos, obrigações da modernidade (ou da pós-verdade?), necessidades criadas e mais um sem-número de atividades e recursos parece que neutralizaram toda a diversão inventada e aperfeiçoada, especialmente desde o fim da década de 1990.

As novas gerações já nascem e se desenvolvem dentro de uma lógica alucinadamente rápida, que exige de todos um desapego quase que instintivo em relação ao sossego. Parece que estar parado virou crime, a não ser que seja na frente de um computador, da TV (hello, Netflix!) ou com um smartphone na mão.

E aí eu pergunto: o que e como fazer para reverter essa situação e tornar a diversão algo realmente prazeroso, capaz de nos fazer sentirmos mais vivos, de ser munição para enfrentar os problemas da vida sem enlouquecer por isso?

Acho que mais cedo ou mais tarde é possível encontrarmos um equilíbrio e não nos guiarmos por modas, padrões e conceitos pré-estabelecidos, que muitas vezes nos levam a tomar atitudes que não são a nossa verdade. Talvez possamos escolher o que fazer levando em consideração aquilo que tem a ver com a nossa essência.

Mas ainda assim vai ser preciso entender o que acontece com a vida que se desenvolve fora do espectro do lúdico, do divertido, do relaxado, do leve e solto, do entreter e da busca pelo bem-estar. E é aí que a conta se torna mais difícil de fechar.

Pena que a gente não é educado a encarar a vida em todos os aspectos e segmentos. As relações humanas são deixadas em segundo plano no nosso sistema de ensino, que privilegia tecnicismos e temas voltados para o lado profissional.

Talvez a resposta seja essa. Precisamos de um modo de vida mais humano, tanto na hora da diversão quanto no momento da obrigação. Para mim, a humanidade ainda não chegou à real civilização, ainda engatinha no sentido do saber conviver entre os indivíduos da mesma espécie e com toda a natureza neste planeta. Mas isso é assunto para outra postagem.

Comentários

  1. Bom dia Nanini, FANTÁSTICO suas observações, paramos pra refletir, onde vamos parar de continuarmos assim?...

    Parabéns pelo texto, nos faz parar e pensar um pouco mais sobre a vida que estamos levando.
    👏👏👏👏

    ResponderExcluir
  2. Um bissurdu isso tudo. Macrobiótico total

    ResponderExcluir
  3. Sem perceber entramos nessa obrigação de ter de fazer tudo sempre....ótima reflexão! ;)

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Luka Britto 30 anos: Texto 1 – Antes dos primeiros acordes

Pensamento à toa sob a luz da lua

Luau noctilucas: Skank no céu em arranjos inusitados