Luka Britto 30 anos: Texto 1 – Antes dos primeiros acordes
Luka Britto 30 anos
Texto 1 – Antes dos primeiros acordes
Olhando para trás, pensando um pouquinho sobre tudo o que aconteceu nessas três décadas, consigo compreender que realmente 30 anos já se passaram. Ao mesmo tempo, parece que foi um dia desses em que eu cheguei à escola e passei boa parte do tempo falando sobre o show dos Titãs na cidade no dia anterior. Eu nem fui ao evento, tinha só 13 anos, mas aquilo mudaria para sempre a minha vida.
Antes de falar daquilo, volto um ano e meio no tempo. Era o final de 1987 e eu havia começado a me envolver com música, mas até então apenas como ouvinte, apaixonado por rádio e louco para saber sobre tudo o que tivesse melodia, harmonia e ritmo e fosse sintonizado no dial. A entrada nesse universo tem dois momentos, que acho que foram fundamentais para o que se desenhou depois.
No primeiro, meu pai, Sr, Milton, havia me dado um rádio relógio, no Natal de 1986. Eu costumava ouvir umas musiquinhas ali e também na TV, em programas como o “Revistinha”, da TV Cultura (que me apresentou muita coisa do rock, entre eles Detrito Federal e TNT (rsrsrsrs).
No segundo, meu grande amigo André Yuki Yoshikai me apresentava a rádio Stereo Vale FM, onde ambos viemos a trabalhar depois, sendo este lugar um dos pilares da minha formação como humano, cidadão, profissional e, claro, como um ser da música. A programação da emissora me seduziu de primeira.
Na hora em que recordo dos detalhes, me lembro de um vizinho, o Luiz Alberto Flora Toledo, que tinha um Gol bege com o adesivo azul, original, daquela rádio. Ele era um cara um pouco mais novo que meus pais, mas se tornou bem próximo de mim. Tanto ele quanto a esposa à época, a Solange, sempre me ajudavam, me ensinavam coisas e até me davam presentes, me levavam a lugares, foram muito importantes para mim – foi a Solange que me deu alguns dos últimos cartões com figuras de animais da coleção do chocolate Surpresa (elefante, pelicano, canguru e mandarim, por exemplo).
Foram eles que me “emprestaram” a letra de Thriller, de Michael Jackson, para eu saber o que era cantado, já que eu era fã do cantor e também da canção. Aliás, achei muito complicado o conteúdo da letra e preferi me ater apenas ao som da música e ao clipe, maravilhosos.
Michael tinha ao menos duas faixas entre os principais sucessos em 1987: “Bad” e “The Way You Make me Feel”. Mas minhas referências musicais naquele fim de ano já eram outras. Músicas de George Harrison, Sting e Tina Turner, a xará “Luka”, da Suzanne Vega, a trilha do filme La Bamba e as coisas das novelas (Rosana, com “O Amor e o Poder”, Léo Jaime, com “Conquistador Barato”, Marina, com “Uma Noite e Meia”, entre outros) acabaram me chamando mais a atenção.
Esse interesse havia começado ao fim do ano letivo, quando o Yuki e seu rádio Panasonic (ainda teimo em achar que era National) mostraram que o planeta Terra era mais colorido nas ondas da FM. Coincidentemente, meu pai comprou naquela mesma época um “3 em 1” da Philips, o “F-1010”, que me permitia gravar discos e a programação da rádio.
Olha que mundo incrível!!! Eu tinha 12 anos e ganhava uma nova vida. Daquela realidade para uma maior aproximação com a Stereo Vale FM e com os profissionais de lá foi um pulo. E a coisa ficou ainda mais estimulante quando eu participei de um programa da rádio, ao vivo, por telefone. Foi o “Lembrança do Ouvinte”.
Se pouco tempo depois eu ficaria associado diretamente ao rock’n’roll, aquele primeiro momento foi bem diferente. A música que eu pedi foi “Linda Demais”, do Roupa Nova. O programa era assim: por telefone o ouvinte pedia uma música. Se fosse “sorteado”, o locutor ligava para ele, que aguardava na linha até que a vinheta entrasse. O cara então era chamado para um papo rápido no ar. No final, a pessoa falava qual era o pedido e depois a música tocava.
Quem falou no ar antes de mim foi a minha mãe, a dona Terezinha. Eu havia ido até o quarto para colocar a fita cassete a fim de gravar a minha voz. O locutor da vez era o Wagner Rocha, que chamou o “Luka”. A minha mãe respondeu: “espere um pouquinho porque ele foi gravar”. O Waguinho entendeu errado, achando que eu tinha ido ao banheiro, mas a dona Terezinha falou novamente e segundos depois eu já estava na linha me apresentando, com aquela voz de 12 anos (que eu sabia mais ou menos como era por registrá-la com o Yuki em um gravador Gradiente durante farras).
O momento marcante ficou ainda melhor quando o locutor me disse que eu havia ganhado um par de ingressos para ir ao cinema. Aquele foi o primeiro dos muitos brindes que eu viria a ganhar como ouvinte da emissora. As idas ao 15º andar do Edifício Liberal Center, onde funcionava a rádio, passaram a ser constantes, muitas vezes apenas para conversar com os novos “amigos”. Literalmente, a partir dali minha vida se transformou. Mas aí já é outro capítulo da história do Luka Britto.
Texto 1 – Antes dos primeiros acordes
Olhando para trás, pensando um pouquinho sobre tudo o que aconteceu nessas três décadas, consigo compreender que realmente 30 anos já se passaram. Ao mesmo tempo, parece que foi um dia desses em que eu cheguei à escola e passei boa parte do tempo falando sobre o show dos Titãs na cidade no dia anterior. Eu nem fui ao evento, tinha só 13 anos, mas aquilo mudaria para sempre a minha vida.
Antes de falar daquilo, volto um ano e meio no tempo. Era o final de 1987 e eu havia começado a me envolver com música, mas até então apenas como ouvinte, apaixonado por rádio e louco para saber sobre tudo o que tivesse melodia, harmonia e ritmo e fosse sintonizado no dial. A entrada nesse universo tem dois momentos, que acho que foram fundamentais para o que se desenhou depois.
No primeiro, meu pai, Sr, Milton, havia me dado um rádio relógio, no Natal de 1986. Eu costumava ouvir umas musiquinhas ali e também na TV, em programas como o “Revistinha”, da TV Cultura (que me apresentou muita coisa do rock, entre eles Detrito Federal e TNT (rsrsrsrs).
No segundo, meu grande amigo André Yuki Yoshikai me apresentava a rádio Stereo Vale FM, onde ambos viemos a trabalhar depois, sendo este lugar um dos pilares da minha formação como humano, cidadão, profissional e, claro, como um ser da música. A programação da emissora me seduziu de primeira.
Na hora em que recordo dos detalhes, me lembro de um vizinho, o Luiz Alberto Flora Toledo, que tinha um Gol bege com o adesivo azul, original, daquela rádio. Ele era um cara um pouco mais novo que meus pais, mas se tornou bem próximo de mim. Tanto ele quanto a esposa à época, a Solange, sempre me ajudavam, me ensinavam coisas e até me davam presentes, me levavam a lugares, foram muito importantes para mim – foi a Solange que me deu alguns dos últimos cartões com figuras de animais da coleção do chocolate Surpresa (elefante, pelicano, canguru e mandarim, por exemplo).
Foram eles que me “emprestaram” a letra de Thriller, de Michael Jackson, para eu saber o que era cantado, já que eu era fã do cantor e também da canção. Aliás, achei muito complicado o conteúdo da letra e preferi me ater apenas ao som da música e ao clipe, maravilhosos.
Michael tinha ao menos duas faixas entre os principais sucessos em 1987: “Bad” e “The Way You Make me Feel”. Mas minhas referências musicais naquele fim de ano já eram outras. Músicas de George Harrison, Sting e Tina Turner, a xará “Luka”, da Suzanne Vega, a trilha do filme La Bamba e as coisas das novelas (Rosana, com “O Amor e o Poder”, Léo Jaime, com “Conquistador Barato”, Marina, com “Uma Noite e Meia”, entre outros) acabaram me chamando mais a atenção.
Esse interesse havia começado ao fim do ano letivo, quando o Yuki e seu rádio Panasonic (ainda teimo em achar que era National) mostraram que o planeta Terra era mais colorido nas ondas da FM. Coincidentemente, meu pai comprou naquela mesma época um “3 em 1” da Philips, o “F-1010”, que me permitia gravar discos e a programação da rádio.
Olha que mundo incrível!!! Eu tinha 12 anos e ganhava uma nova vida. Daquela realidade para uma maior aproximação com a Stereo Vale FM e com os profissionais de lá foi um pulo. E a coisa ficou ainda mais estimulante quando eu participei de um programa da rádio, ao vivo, por telefone. Foi o “Lembrança do Ouvinte”.
Se pouco tempo depois eu ficaria associado diretamente ao rock’n’roll, aquele primeiro momento foi bem diferente. A música que eu pedi foi “Linda Demais”, do Roupa Nova. O programa era assim: por telefone o ouvinte pedia uma música. Se fosse “sorteado”, o locutor ligava para ele, que aguardava na linha até que a vinheta entrasse. O cara então era chamado para um papo rápido no ar. No final, a pessoa falava qual era o pedido e depois a música tocava.
Quem falou no ar antes de mim foi a minha mãe, a dona Terezinha. Eu havia ido até o quarto para colocar a fita cassete a fim de gravar a minha voz. O locutor da vez era o Wagner Rocha, que chamou o “Luka”. A minha mãe respondeu: “espere um pouquinho porque ele foi gravar”. O Waguinho entendeu errado, achando que eu tinha ido ao banheiro, mas a dona Terezinha falou novamente e segundos depois eu já estava na linha me apresentando, com aquela voz de 12 anos (que eu sabia mais ou menos como era por registrá-la com o Yuki em um gravador Gradiente durante farras).
O momento marcante ficou ainda melhor quando o locutor me disse que eu havia ganhado um par de ingressos para ir ao cinema. Aquele foi o primeiro dos muitos brindes que eu viria a ganhar como ouvinte da emissora. As idas ao 15º andar do Edifício Liberal Center, onde funcionava a rádio, passaram a ser constantes, muitas vezes apenas para conversar com os novos “amigos”. Literalmente, a partir dali minha vida se transformou. Mas aí já é outro capítulo da história do Luka Britto.
Uma Linda história! E a fita com a gravação da sua participação ao vivo? Ainda tem?
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