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Músicas tristes contra dias tristes

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Cena do videoclipe de "Fake Plastic Trees", do Radiohead Os tempos andam difíceis. Para os que amam e para todos os outros. Ou quase todos, já que sempre há uma exceção aqui, outra ali. Mas nada está fácil, talvez seja exatamente o contrário. Basta não fechar os olhos para o que está acontecendo. Tempos deprimentes, tristes. Se o noticiário sempre foi um motor capaz de mover pessoas para poços fundos, nos últimos anos ele passou a ser uma dose cavalar goela abaixo, mais amarga, dessas que derrubam elefantes ou foguetes. E não há a menor perspectiva para que o quadro ganhe novas cores. Não consigo ficar inerte, a mente mergulha no vazio e tudo o que consigo fazer é passar o tempo tentando convencer a cabeça de que ela não pode parar. Sobra tanta falta, que nem consigo enumerar direito ou elencar por grau de importância. Talvez eu fale da pandemia. Só até este 14 de abril, a Covid-19 já levou 362 mil pessoas à morte no Brasil, e o descaso, o negacionismo e falta de cuidados con...

Muito mais do que tijolos no muro

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Eu tinha um gesso imobilizando minha perna esquerda, do pé à virilha, quando tive a oportunidade de ver o filme pela primeira vez, aos 16 anos. Dali até que eu me visse andando de novo foram dezenas de vezes em que a fita VHS VAT entrou em ação e eu ouvisse as músicas enquanto rolava o longa-metragem. Não demorou muito para que eu conseguisse emprestado o álbum duplo e praticamente furasse os LPs de tanto tocar no meu "3 em 1". "The Wall", do Pink Floyd, é certamente um dos discos que mais me influenciaram, sendo determinante para uma das muitas transformações da minha vida (não é exagero, acreditem). E neste 30 de novembro faz 40 anos que essa obra-prima foi lançada. A fita de vídeo com o filme foi emprestada pelo camarada André Yuki, o Zappa, que tinha conseguido uma versão com legendas em japonês (naqueles ideogramas incompreensíveis para qualquer ocidental acostumado ao hindu-arábico). Ali também tinha o show "Delicate Sound of Thunder", com o Floy...

Luka Britto 30 anos: Texto 8 – Luka Britto pra sempre

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Luka Britto 30 anos Texto 8 –  Luka Britto pra sempre Hoje é raro que alguém me chame de Luka Britto. Tem o pessoal que era da rádio, com quem ainda mantenho contato, uma turma que me conheceu naquela época, muito deles ouvintes da rádio, e uma galera que achou engraçado o apelido e se acostumou a usá-lo para se referir a mim, como o ex-vizinho Thiagones Zé Diogo. Mesmo assim, o sentimento é de que o Luka é pra sempre, nunca vai morrer. E há mil motivos para acreditar nisso. Um deles é que o nome surgiu em um momento ímpar da vida de qualquer pessoa. A adolescência é um período especial porque marca praticamente a entrada em um caminho sem volta, com as descobertas que a inocência da infância não permitia e sem os vícios e acomodações que a idade adulta priva. Só de ter passado por tudo o que a puberdade e a fase seguinte proporcionam, já seria especial. Some a isso o fato de ter vivido a oportunidade de realizar sonhos, de conhecer gente que inspira, de estar em situaçõe...

Luka Britto 30 anos: Texto 7 – Luka Britto, o Luquinha da Stereo Vale

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Luka Britto 30 anos Texto 7 –  Luka Britto, o Luquinha da Stereo Vale Luka Britto rock'n'roll auxiliando os locutores Wagner Rocha e Ricardo Vasconcelos no estúdio da rádio Stereo Vale FM (foto cedida gentilmente pelo Cardoso, dom Elói Moreno) Como eu falei anteriormente, o Luquinha adorava ir até o 15º andar do edifício Liberal Center, na Vila Addy Anna, para conversar com o pessoal da Stereo Vale. De tanto participar de programas, ir à emissora, falar de música, mencionar o quanto eu gostava da arte e da rádio, uma pessoa em especial prestou a atenção naquele guri. Eu tinha 13 anos, mas alguém achou que eu tinha condições de assumir a bronca, e eu acho que acabei mandando bem. Engraçado que foi em um período quando eu dividia a audiência da Stereo Vale com a da Transamérica que acabei sendo chamado para trabalhar atendendo os ouvintes da rádio do interior. Era uma tarde qualquer em que eu devia ter ido à Stereo Vale para buscar um brinde e fiquei de papo com o For...

Luka Britto 30 anos: Texto 6 – Os Titões, nasce o Luka Britto

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Luka Britto 30 anos Texto 6 –  Os Titões, nasce o Luka Britto Os Titões - cinco de nós, na verdade (Márcio Fromer e Luka Britto à frente; Zara Mello, Fabio Miklos e Zappinha atrás) - com as colegas Fabiana Cipolaro, Adriana Castro e Anália, após o "show" de formatura da 8a Série A, em 1989 A 8ª Série A tinha cerca de 30 alunos, metade deles meninos. Por mais numerosos que fossem os Titãs, era gente demais para colocar no grupo que a gente estava criando meio que em homenagem ao octeto. Por ideia minha, nasciam os Titões. Alguns dos mais próximos, claro, se tornaram os integrantes. Na minha cabeça, eu tracei um perfil e encaixei os caras. Para “respeitar” a referência, minha ideia foi combinar os nomes dos colegas de sala com os sobrenomes dos Titãs. Foi assim que nasceram Sandro Antunes (Arnaldo), Zara Mello (Branco), Márcio Fromer (Marcelo), Júlio Bellotto (Tony), Carlos Reis (Nando), Douglas Gavin (Charles), Fabio Miklos (Paulo) e o tal do Luka Britto (Sérgio). ...

Luka Britto 30 anos: Texto 5 – O show e as consequências

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Luka Britto 30 anos Texto 5 –  O show e as consequências Os Titões no palco, na formatura da 8ª série, em dezembro de 1989; foto cedido gentilmente pela minha irmãzinha Fabiana Cipolaro Eu tinha o costume de ouvir rádio sempre ao me deitar para dormir. Embora eu estivesse numa vibe de escutar a Transamérica naquele começo de 1989, as noites costumavam ser ao som da Stereo Vale mesmo, especialmente por causa do Arquivo 1-0-3-9, com seus flashbacks, músicas que eu ia conhecendo ou redescobrindo. Mas houve uma noite, em especial, em que a programação foi diferente. A cada bloco, algum locutor da rádio (acho que o Elói Moreno) era chamado para falar sobre o show que ocorria naquela noite. Eram os Titãs, que se apresentavam no Tênis Clube de São José. O espetáculo era da turnê do “Go Back”, que tinha basicamente as músicas a partir do disco “Cabeça Dinossauro”. Como a sequência do repertório era quase sempre a mesma durante toda a turnê, o pessoal sabia a ordem das músicas ...

Luka Britto 30 anos: Texto 4 – A 8ª Série A

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Luka Britto 30 anos Texto 4 – A 8ª Série A Voltar a estudar com o André Yuki foi uma coisa que comemorei muito. Mais velho do que eu quase dois anos, ele me conhecia desde a 2ª série, quando ainda estudávamos no trailer da Rua Viçosa, na escola que já se chamava Ayr Picanço Barbosa de Almeida. Eu me lembro dele com aquele “cabelo beatle”, agasalho do colégio Monteiro Lobato, bem mais alto do que quase todos nós e que andava de um jeito que eu considerava desengonçado. Um grande amigo! É até hoje e será para sempre. Nos dois anos anteriores a 1989 eu havia tentado mudar de turma para poder estudar com ele, mas não tinha vaga disponível. No último ano do “ginásio”, as coisas deram certo. E agora eu tinha dois amigos japas na mesma galera: ele e o Márcio Shiotani, o Jacaré. Acabou que viramos uma “turma”, ao lado de gente como o Fabio e o Júlio. Talvez por ser o último ano naquela escola, já que não havia o “colegial” ainda na instituição (o atual ensino médio), o clima era dife...